Compositor de 'Vida de Empreguete' diz que não esperava tamanha repercussão

Elas trocaram as vassouras pelo microfone e, agora, estão na mira dos holofotes. Com o sucesso instantâneo do clipe de ‘Vida de Empreguete’, Penha (Taís Araújo), Cida (Isabelle Drummond) e Rosário (Leandra Leal) estão com tudo em cima. E na vida real não é diferente. Na Internet, o vídeo ultrapassou a marca de sete milhões de visualizações e a música conquistou as rádios.

Enquanto isso, o compositor da faixa acompanha todo o sucesso dos bastidores — na trama, foi Rosário quem fez a canção. Nascido em Salvador e radicado no Rio de Janeiro, Quito Ribeiro garante que não esperava tanta repercussão. “É um fenômeno, um negócio que nunca aconteceu. Ninguém esperava isso. Ver a reação das pessoas tem sido uma experiência única. Algo muito divertido, mesmo eu sendo um ghost writer (escritor-fantasma). E, com o sucesso, até o fantasma aparece. Tanto que estou sendo entrevistado”, diverte-se Quito.

O compositor já viu outras de suas canções caírem no gosto do público. A primeira foi em 1993, quando ‘Domingo no Candeal’ — parceria dele com Lucas Santtana — foi gravada por Daniela Mercury e entoada por micareteiros Brasil afora. Depois, outras músicas foram interpretadas por cantoras como Ivete Sangalo (‘Verdadeiro Carnaval’), Gal Costa (‘Um Passo a Frente’) e Roberta Sá (‘Mais Alguém’). Para a das Empreguetes, ele conta que misturou duas influências.

“No violão tem uma levada de ska, como nas músicas do Paralamas do Sucesso. Os teclados são mais Rihanna e Beyoncé, na onda do pop americano”. Para fazer esse sucesso ele só precisou de dois dias. E, claro, contou com uma ajuda importante: “Perguntei para Kelly, minha empregada: ‘E aí? Como é o fim de semana?’ Ela respondeu: ‘Fim de semana é normal. As meninas vestem salto alto e vão para o baile’”. Logo estava pronto o verso: “Levo vida de empreguete, eu pego às sete/ Fim de semana é salto alto e ver no que vai dar”.

Com o futuro hit saindo do forno, Quito partiu para o estúdio com as atrizes. Ele garante que elas não fizeram feio. “Taís tem um talento incrível. Ela acha que não, mas eu acho que sim. A Isabelle e a Leandra também foram superbem”.

E as três estão empolgadas com a fama das novas popstars. “Antes do clipe, a Rosário estava meio decepcionada e acho que agora vai ter uma revigorada”, diz Leandra Leal. “Acredito que a Cida vai amadurecer e descobrir a força que tem para não abaixar a cabeça diante das dificuldades”, fala Isabelle Drummond. Taís Araújo segue o ritmo. “Penha está curtindo participar dessa aventura e, quando as Empreguetes forem famosas, ela vai aproveitar muito”, garante.

Exemplos de sucesso como o das Empreguetes não ficam restritos à ficção. Quem não se lembra da melodia de ‘Oração’, de A Banda Mais Bonita da Cidade? O clipe da música já completou um ano de lançamento e conta com mais de 10 milhões de visualizações no YouTube.

“Não existe fórmula. As pessoas podem ter gostado do nosso clipe pelo fato de terem enxergado uma verdade ali, como se fizessem parte daquela festa, do mantra, da amizade”, opina o baterista Luis Bourscheidt.

Há espaço para todos os estilos. Se ‘Oração’ trouxe uma atmosfera de paz e amor, a dupla de rappers carioca Bonde da Stronda escrachou, juntou-se a Mr. Catra e armou uma festa com lindas mulheres para o clipe de ‘Mansão Thug Stronda’. Resultado: 27 milhões de acessos. “Deve ser porque falamos de assuntos polêmicos”, arrisca Diego Villanueva, o Mr. Thug. “Tento fazer a música virar imagem”, dá a receita Ralph Richter, que filmou e editou o vídeo.

Também é bom contar com a sorte. Quando foi ser câmera do clipe de ‘Tortinho’, de Os Ousados, o fotógrafo Mauro Pimentel pensava que ia gravar apenas as coreografias dos funkeiros na Cidade de Deus.

“Quando botaram o som no carro, quem estava por lá começou a dançar e também entrou no vídeo”, conta ele, que estipula um preço mínimo para se fazer um clipe com qualidade razoável: R$ 2 mil.

Enquanto isso, a banda El Efecto, também do Rio, apresentou um título, no mínimo, curioso: ‘O encontro de Lampião com Eike Batista’. Lançaram o vídeo em abril e já chegaram a 75 mil visualizações. “A Internet é fundamental”, afirma o vocalista Tomás Rosati.

O compositor Vinicius Castro concorda. No projeto ‘Som na Sala’, ele abre as portas de sua casa para músicos convidados e publica tudo na rede. “Temos visualizações dos EUA, Austrália, China. Como chegaríamos a esses lugares se não fosse a Internet?”, diz Vinicius.

Fonte: Odiaig