-

Fundo

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Com “Cheias de Charme” Globo tenta se aproximar da nova classe C



Personagens que são empregadas domésticas raramente têm destaque em novelas. Suas histórias costumam começar e terminar na casa dos patrões e, quase sempre, se resumem às fofocas e funções domiciliares. “Cheias de Charme”, nova novela das sete da Globo, retira as empregadas do mero suporte de núcleos principais e as eleva a protagonistas. Taís Araújo, na pele da batalhadora Penha, Leandra Leal, como a sonhadora Rosário, e Isabelle Drummond, interpretando a doce Cida, são as atrizes escaladas para mostrar a realidade dessas profissionais – isso até as três virarem cantoras e ficarem ricas. “O divertido dessa trama é descobrir o que essas domésticas fazem depois do expediente, quando vão para casa”, opina a diretora de núcleo Denise Saraceni.
O tema da novela, com estreia para 16 de abril, está intimamente alinhado com a estratégia da Globo de investir na nova classe C. Essa parcela da sociedade se mantém em crescimento e, segundo o IBGE, já corresponde a 54% no total da população brasileira, tendo uma renda média familiar de R$ 1.450. Esse é o público-alvo de empresas de todas as áreas. E com a Globo não poderia ser diferente. “A Globo quer falar com todas as classes. O tema da novela tem a ver com isso. A história da classe C é muito inspiradora”, defende Filipe Miguez, que assina, pela primeira vez, a autoria principal de uma novela ao lado de Izabel de Oliveira.
A estratégia de mostrar e tentar agradar esse segmento de forma expressiva na dramaturgia já havia começado em “Avenida Brasil”, folhetim das oito. A produção traz o lixão e a periferia como cenários e aborda temas populares, especialmente o futebol. Da mesma forma, “Cheias de Charme” tem o fictício bairro Borralho – inspirado nas comunidades cariocas Cantagalo, Dona Marta e Rio das Pedras – como local de moradia das protagonistas. “Há um toque lúdico, mas muitos elementos realistas fazem citações a esses lugares”, analisa o produtor de arte Eduardo Feijó.
As referências culturais também vão ao encontro desse universo. O eletroforró e o tecno-brega são gêneros musicais de forte apelo popular e que foram escolhidos para integrar a história dos personagens, depois que a produção e os autores pesquisaram o que estava em evidência na música. Gaby Amarantos, uma das principais cantoras de tecnobrega, conhecida como “Beyoncé do Pará”, chamou a atenção dos autores. “Ela foi uma referência para a gente”, afirma Filipe Miguez.
A música permeia toda a narrativa da novela. Prova disso é que o trio principal começa passando por dificuldades, mas consegue enfrentar as adversidades e fazer sucesso como grupo musical. Além disso, Chayene, vivida por Cláudia Abreu, é conhecida como “a rainha do eletroforró” e será a principal vilã da história. Em decadência na carreira, ela usará um falso romance com Fabian, de Ricardo Tozzi, para se reerguer. Como o cantor de sertanejo universitário é popular junto às domésticas, seu público mais fiel, Chayene irá chantageá-lo com um segredo para se aproveitar de sua ascensão. “A Chayene é muito vaidosa e passa por cima de quem atrapalha seu caminho sem remorsos”, descreve Cláudia Abreu.
No início, Penha trabalha na casa de Chayene. Sem suportar os inúmeros desaforos ditos e feitos pela patroa, resolve dar queixa na delegacia. “Ela passa por muitas dificuldades e problemas, até com o marido, que não gosta de trabalhar. Mas usa o bom humor para superar tudo isso”, conta Taís Araújo, citando Sandro, papel de Marcos Palmeira. Enquanto espera pelo delegado, ela conhece Cida, que foi levada para o local depois de se meter em uma confusão dentro de uma boate, e Rosário, que invadiu o camarim de Fabian, seu ídolo.
As três se tornam muito amigas, mas têm temperamentos muito diferentes. Rosário é ambiciosa, trabalha como cozinheira e namora o motorista Inácio, encarnado por Ricardo Tozzi. Mas, ao mesmo tempo, sonha acordada com a vida de cantora e em estar nos braços de Fabian. “O Inácio se incomoda muito com essa adoração que a namorada tem pelo Fabian, principalmente, porque ele odeia ser comparado a ele a todo instante”, avalia Ricardo Tozzi, que interpreta os dois personagens.
Na trama, Fabian é loiro e de olhos azuis enquanto Inácio tem olhos e cabelos castanhos. “A caracterização por si só não é suficiente. Diferenciar eles na interpretação é o que importa para fazer o público acreditar que são pessoas distintas”, ensina.
Cida também é trabalhadora como Penha e sonhadora como Rosário, mas é muito ingênua e faz o estilo Gata Borralheira. Tem carinho pela família Sarmento, que a emprega, mas é explorada descaradamente por eles. Especialmente pela patroa Sônia, encarnada por Alexandra Richter. Além disso, vive um triângulo amoroso com o grafiteiro Rodinei e o interesseiro Conrado, vividos, respectivamente, por Jayme Matarazzo e Jonatas Faro. “Essa é uma oportunidade marcante da minha carreira”, avalia Isabelle Drummond, que encara, aos 17 anos, sua primeira protagonista.

Luz e brilho

Como “Cheias de Charme” mostra a vida de três empregadas domésticas, os cenários contrapõem o luxo das casas das patroas e a simplicidade da moradia das protagonistas. Mas a cenografia da novela, independentemente da classe social, usa cores vibrantes e iluminação forte. A fachada da casa de Chayene, por exemplo, é pintada de rosa “pink” e seu interior tem muitos espelhos e quadros coloridos. Já a moradia de Penha tem móveis descombinados e azulejos de estilos diferentes, mas sempre em tons alegres. “Em todos os ambientes, dos mais ricos aos mais simples, temos tetos iluminados, abajures, vidros e potes espelhados”, descreve May Martins, arquiteta responsável.
A estética vibrante também se estende pela caracterização dos personagens. Chayene, com seu perfil egocêntrico e vaidoso, é a que mais se destaca. Ela sempre usa maquiagem forte em tons cintilantes, com muito “glitter”. Na mesma linha, a roupa tem “strass”, peças com leds piscantes, além de penas e franjas. O figurino de Fabian, que também é famoso, é inspirado em artistas internacionais como Ricky Martin e Enrique Iglesias. A calça bem justa é uma marca. “A novela traz todo o ‘glamour’ e diversão do mundo musical com os personagens Chayene, Fabian e, posteriormente, do grupo formado por Penha, Rosário e Cida”, resume Denise Saraceni.

Quem é quem

Núcleo Penha

Maria da Penha (Taís Araújo) – Guerreira e honesta, Penha se desdobra para conseguir dar conta de inúmeros afazeres. Além de trabalhar como doméstica, ela tem uma família que dá muita dor de cabeça. No início, cuida da casa da famosa cantora de eletroforró Chayene. Mas só se sentirá respeitada e compreendida quando começar a trabalhar para a advogada Lygia (Malu Galli). Depois de passar por muitas dificuldades, vai integrar um trio musical que irá estourar nas paradas de sucesso do país.


Fonte: correio

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...