As Empreguetes vão se separar. Isso mesmo! Desculpe falar assim na lata,
mas, mesmo eu que já esperasse por isso, recebi a notícia com muito
sofrimento. Chayene (Cláudia Abreu) e Socorro (Titina Medeiros) tanto
aprontam que conseguirão jogar Rosário (Leandra Leal) contra as amigas e
ela decidira partir para uma carreira solo. Essa reviravolta em Cheias de Charme
vai causar uma comoção popular dentro e fora da trama e é mesmo o que
os autores, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, esperam. É
impressionante a comunicação que os dois estabeleceram com o público e
também com seu elenco. Todos estão extraordinários. Da ladra de cena
Cláudia Abreu até novidades como Titina Medeiros e Fábio Kepo e
veteranos coadjuvantes como Tato Gabus Mendes, Daniel Dantas e Maria
Pompeo. Todo mundo tem espaço para brilhar. Mas o que realmente me
impressiona na trama das 7 é a forma como Filipe e Izabel conseguiram
criar e manter um enredo com três protagonistas sem ninguém sobre ou
tenha menos destaque. Penha, Rosário e Cida têm o mesmo espaço, o que é
raríssimo. Basta lembrar que em Quatro Por Quatro
(1994) foi quase impossível fazer com que as quatro protagonistas
(Elizabeth Savalla, Cristiana Oliveira, Letícia Spiller e Betty Lago)
estivessem no mesmo nível. Mas, além do trabalho extraordinário dos
autores, grande parte do mérito está nas mãos de Taís Araújo, Leandra
Leal e Isabelle Drummond, três jovens e talentosíssimas atrizes. Elas já
deixaram suas marcas em outros trabalhos – Taís em Xica da Silva (1996) e Cobras & Lagartos (2005), Leandra Leal em A Muralha (1998) O Cravo e a Rosa (2000) e Isabelle no Sítio do Picapau Amarelo (2001/2006) e em Caras & Bocas (2009). Só que duvido se o trio não considere Penha, Rosário e Cida o ponto mais alto de suas vitoriosas carreiras.
Taís Araújo tem nas mãos uma mulher do povo. Penha poderia ser amiga da
Monalisa (Heloísa Perissé) e da Olenka (Fabiula Nascimento), no Divino
de Avenida Brasil. Ou aquela empreguete
despachada e divertida que limpava sua casa toda semana. Penha encontrou
em Taís sua intérprete ideal e a atriz emprestou à ex-doméstica o
carisma que ela precisava. Além de dar humanidade a uma personagem que
poderia facilmente cair na caricatura, Taís ainda consegue o mais
difícil: transitar com a mesma habilidade pelo drama e pelo humor. Ela
está hilariante com os trejeitos e linguajar da Penha e amo seus
bordões: “Vou te dizer uma coisa pra você” e “Você está linda de
bonita”. Mas ela também dá um show nas (muitas) cenas dramáticas,
geralmente causadas pelas picaretagens do ex-marido, Sandro (Marcos
Palmeira). Um desafio e tanto que ela cumpre brilhantemente. Sem falar
que, além de formar uma boa parceria com Palmeira, vem criando um belo
par romântico com Leopoldo Pacheco (Otto Werneck). E ainda tem Marcos
Pasquim (Gilson) chegando por aí… Parabéns, Taís, você está um arraso.
Com Leandra Leal não é diferente. Ela praticamente cresceu em frente às
câmeras. De pequena notável, virou uma atriz madura, forte e sempre
certeira. Leandra é natural e não se rende a grandes ou pequenos papeis.
O que importa é a intensidade de sua atuação. E, com isso, não há erro.
Rosário é a mais sonhadora das Empreguetes. É dela o desejo genuíno de
trilhar uma carreira artística e a atriz dá vida a esse desejo de forma
muito inteligente e perspicaz. Não é piegas, muito menos bobinha. O
sonho nunca ficou no terreno do imaginário. Pelo contrário! Desde o
primeiro capítulo que Rosário vem batalhando arduamente para se tornar
uma estrela da música. E Leandra faz a gente acreditar e torcer por sua
personagem com força total. Ela ainda nos revelou uma voz gostosa, que
foi uma das gratas surpresas da novela. Leandra é sinônimo de qualidade e
credibilidade e isso não e pouco não, galera! Dá gosto de ver essa
garota em cena.
Isabelle Drummond foi a única atriz mirim a interpretar uma das
personagens mais ricas e complexas da literatura brasileira: A boneca de
pano, Emília do Sítio do Picapau Amarelo, de
Monteiro Lobato. E fez isso com tanto brilhantismo que já deixou claro
que ela não seria apenas mais um talento que sumiria com o tempo. Com um
talento monstruoso, tão precocemente revelado, Isabelle anunciava que
havia chegado para ficar e que o estrelato era apenas questão de tempo.
Isabelle e daqueles talentos natos e faz parte do time de Gloria Pires.
Com ela interpretar é como respirar. É natural, não desperdiça
absolutamente qualquer cena, fala ou sentimento. Tudo é minuciosamente
calculado e entregue ao público na medida certa. Cida é uma gata
borralheira moderna, mas que sofreu sem jamais se lamentar ou se
entregar. Tem fibra e personalidade forte, sem perder a doçura. Uma
característica, aliás, que Isabelle sabe empregar como poucas a suas
personagens. É uma delícia acompanhar o crescimento e a evolução dessa
menina, hoje moça, quase mulher. E que bom saber que, para ela, o céu é o
limite. Ainda vamos ser presenteados com muitas e muitas atuações
inesquecíveis dessa jovem veterana. Mas, até outubro, é na pele de Cida,
que ela completa com maestria o triângulo de exuberância das heroínas
de Cheias de Charme. Aliás, charme e talento, não faltam a Taís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond. Graças a Deus!
Fonte: Contigo
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